quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Merck vai demitir 8,5 mil pessoas em dois anos

Por Valor Econômico - Andrew Jack - Financial Times, de Londres

A companhia farmacêutica americana Merck deverá demitir um quinto de sua força de trabalho dentro de dois anos, ao buscar estreitar o foco de seus negócios e reduzir os custos operacionais anuais em US$ 2,5 bilhões.

A empresa disse ontem que planeja uma nova redução, de 8,5 mil funcionários, de um total global de 81 mil - uma decisão que se soma aos 7,5 mil cortes de postos de trabalho anunciados anteriormente -, e deverá assumir encargos entre US$ 2,5 bilhões e US$ 3 bilhões para cobrir os custos da reestruturação.

Num momento em que está empenhada em manter sua reputação de líder inovadora no setor farmacêutico, a Merck disse que deverá concentrar-se em 10 "mercados prioritários". Ela irá concentrar-se em vendas nos EUA, Japão, França, Alemanha, Canadá, Reino Unido, China, Brasil, Rússia e Coreia do Sul.

A empresa, com sede em Nova Jersey, também pretende concentrar suas pesquisas em um leque mais estreito de áreas terapêuticas, aquelas com "maior potencial de crescimento", como oncologia, diabetes, cuidados hospitalares agudos e vacinas.

A decisão foi tomada em meio a crescentes pressões dos investidores para que a companhia crie novas medicações para substituir seus atuais medicamentos mais vendidos, como o Januvia, para diabetes, que sofrem a concorrência de genéricos à medida que suas patentes vão expirando.

A Merck demorou para pesquisar terapias biológicas baseadas em "grandes moléculas" e observadores do setor disseram que a empresa ficou atrasada em relação a suas rivais na formação de parcerias e alianças externas para ajudar a melhorar sua produtividade.

Kenneth Frazier, presidente-executivo da Merck, disse: "Essas medidas tornarão a Merck mais competitiva, mais bem posicionada para impulsionar inovações e vender de forma mais eficaz os medicamentos e vacinas para as pessoas que deles necessitam."

A companhia disse que os cortes foram concebidos para torná-la mais ágil no desenvolvimento de medicamentos. O enxugamento de pessoal afetará os departamentos de marketing e de administração, bem como pesquisa e pessoal envolvido em desenvolvimento.

Respondendo à cobrança, pelos investidores, de retornos em dinheiro, a Merck comprometeu-se a usar as economias resultantes do programa para manter um nível elevado de pagamento de dividendos e recompras de ações.

A Merck realizou uma série de mudanças em suas operações de pesquisa para aumentar a produtividade, neste ano, ao nomear Roger Perlmutter, ex-alto executivo da Amgen, para diretor de pesquisas, em substituição a Peter Kim, que ocupava o cargo desde 2003.

Andrew Baum, analista do Citi, avalia que a decisão da Merck vem na esteira de "um ano difícil" e deverá elevar moderadamente sua estimativa para o valor presente líquido da companhia. "A Merck é atualmente retardatária, em relação a suas concorrentes, na externalização das atividades de P&D e a decisão anunciada hoje [ontem] é um passo positivo para corrigir esse descompasso."

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